Pus... zle

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Paulo Portas vê-se envolvido no caso Moderna, o caso Casa Pia destrói a imagem do delfim de Ferro Rodrigues e a credibilidade do próprio, Durão Barroso assume a presidência da Comissão da UE, Santana Lopes tem vida curta num lugar que não percebeu, o abate de sobreiros protegidos compromete alguns ministros do PP, a credibilidade da licenciatura de Sócrates é colocada em causa e a respectiva universidade encerra, Gordon Brown envolve a polícia inglesa no caso Madie para ganhar votos, o BES evita que a Sonae compre a PT por um valor acima do que as acções valem, o banco Millenium é tomado de assalto pela maçonaria, Cavaco Silva vê-se comprometido com Dias Loureiro e outros militantes que conjuram no BPN, Durão Barroso precisa do apoio de Gordon Brown e de outros na sua reeleição, Manuel Alegre faz oposição com a candura de quem tem a virtude e a razão, o BPP começa a ser investigado por comportamentos eventualmente ilícitos de Rendeiro agora distanciado junto a amigos e clientes de elevado peso na vida económica e política portuguesa, a polícia inglesa compromete Sócrates no caso Freeport embora a procuradora da república que acompanha o caso diga que não há arguidos nem suspeitos. Qual a próxima jogada?
Deixei muitas peças de fora, porventura algumas nem fazem parte do mesmo puzzle, mas nisto da política não há coincidências... quem quiser desfazer o nó, faça o favor!


Limites

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Encontrei-a perdida entre dois limites; resolvi-lhe a sucessão e previ que não havia assímptota que a satisfizesse... depois disse-lhe: "engraçado, procuras limites num plano quando a vida é a 3 dimensões"... levantei-me, ganhei volume e ela deixou de ver-me. Olhei para trás e acompanhei-a na queda vertiginosa no eixo das ordenadas... agora pouco, ou nada, restava... perdera-se no infinito!



P.S. Vagueava na blogoesfera entre os meus blogues de eleição e não resisti a responder a esta provocação sem destinatário.

Conheces alguém que...

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Tal como nas monarquias, o problema do Estado é a Corte! Na república a falta de linhagem dificulta a identificação dos aristocratas. Tios, sobrinhos, primos, outros familares e amigos próximos sempre usaram, e hão-de usar, os nomes das suas relações mais influentes em benefício próprio. E não se julge que esta lógica se esgota na grande corrupção, nos favores em contratos com o Estado ou com empresas privadas; não, todos nós, com menor ou maior à vontade, dispensamos facturas para evitar o IVA, esperamos uma atenção do médico para evitarmos listas de espera, entramos nas redes de conhecimentos dos nossos amigos para obter uma informação ou decisão que nos interesse, etc. Está na nossa natureza de portugueses o pequeno favor, a satisfação de nos sentirmos superiores por passarmos à frente dos outros sem vantagem maior do que um contacto. E nesta cultura de vantagens sem mérito acabamos por criticar entre dentes o que outros fazem com maior desenvoltura, volume e, quando apanhados, mediatismo. No final, a bem de ver, somos todos iguais...



Não há barreiras inocentes...

Audiograma

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O Bardo tem um novo programa na rádio cá da terra. Contactou em directo a primeira vítima.

- Bom dia, está no ar no programa “Agora cantas tu”!
- Ó Manel, ó Manel – gritou a mulher ao marido que ainda dormitava – está aqui um homem a dizer que agora cantas tu!
- ... ó Maria, diz-lhe que eu não posso cantar...
- Porquê?
- Se cantar fogem-me as orelhas...
A Maria respondeu ao Bardo:
- O meu homem não pode cantar, já me ouve mal e ainda acabo a falar sozinha!
- Ó Maria, pergunta lá ao homem o que quer que eu cante...

Vai lá, vai...

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Para quem tem problemas de logística, a resposta está encontrada. Para quê empilhadoras, contentores, normas de segurança, stress… ver para crer!


Breve

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Chão que piso e conheço,
leito onde sonho e adormeço,
chão de alegrias e tormentos,
ervas e outros momentos,
chão fruto de rasgos e sementes,
tempos passados, indiferentes,
chão só onde descanso,
mar tranquilo e manso,
chão que me tens e me levas,
destino que vagueia às cegas;

Um dia serei chão, um dia,
não hoje ou amanhã,
a memória há-de esquecer
que fui homem ou pó,
serei chão para outros, só!


ROC, TOC e outros auditores

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Estamos em crise; em crise financeira, de valores, de futuro. Mas há situações óbvias, tão óbvias que chocam por serem tidas como normais.

As sociedades (anónimas, por quotas, etc.) têm de ter a contabilidade organizada, publicar as suas contas trimestralmente ou anualmente, mas com um senão... as contas são sempre validadas por entidades pagas pelos próprios. Isto é de loucos! E ainda se admiram com a crise? Acreditam que alguém pago pela empresa vá denunciá-la por irregularidades? No limite o auditor demite-se da responsabilidade e a empresa contrata um novo.

Só há uma solução; ser o Estado a nomear e a pagar os auditores, e as empresas a pagar um imposto específico para este fim. Só as boas práticas permitem organizações com comportamentos éticos, já que muitos dos seus gestores têm tentações.

Ao Estado cabe regulamentar (bem e atempadamente), fiscalizar e punir. Para isso tem vários poderes, que faça uso deles!


Salto à Vara

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Aprecio cada vez mais o atletismo, em particular o salto à vara. Primeiro porque requer corrida, força, impulso, equilíbrio e um apetite pelas alturas. Há um atleta em particular que merece distinção. Desde muito pequeno, num lugarejo perdido na Beira Alta, que pratica afincadamente este desporto. Saltou de caixa a administrador, prometeu só demitir-se se viesse a saltar para a administração de outro banco, e já ausente do primeiro salta para o escalão máximo para que a reforma não lhe doa. "E depois sou eu que sou burro..."



Última foto da Comissão Executiva da CGD...

Sombras chinesas

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Num país muito longínquo onde tudo era perfeito, ou quase, as grandes superfícies deram lugar a pequenas lojas de rua quase despidas de prateleiras e onde, como por milagre, o mais difícil dos pedidos era atendido.
- O que deseja?
- hmmm... nem sei bem explicar?
- Arrisco-me a perguntar, a senhora sente-se só?
- Sim, é isso, nota-se muito?
- Tenho visto olhares mais tristes.
- Devo ter exagerado na sombra...
- Sim, deve ser isso. Pretende, portanto, uma amizade?
- Eu queria uma... económica...
- Tenho aqui algumas que vieram da China, baratíssimas!
- E são de qualidade?
- São baratas! Olhe, leve várias, duram pouco, mas parecem mesmo verdadeiras!
- Mas... não tem das outras?
- Nem imagina a dificuldade em encontrá-las; quem as tem não se desfaz delas.
- Imagino...

Formigueiro

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Cá na terra os moços esmeram-se quando convidam as moças.

Vá, faz lá a depilação, bronzeia-te como puderes, estica o cabelito, veste uma coisa vistosa... e vamos almoçar na sombra d'um pinheiro! Tu levas o farnel e eu levo as formigas! Assim como assim eu levo a fome! Depois abandonamos as formigas à sua sorte, maldade!


Campanha

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Ela: porque ficas horas a falar comigo?
Ele: porque com os pontos acumulados vão dar-me um iphone...


Diálogos impossíveis

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A cidade de Qalqiliya na Cisjordânia encontra-se isolada do exterior por um muro de 8 metros de altura. Rivaliza em dimensão com a muralha da China e em intenção com o muro de Berlim. O único ponto de passagem é tão estreito que os carros da cidade jamais poderão sair. Os burros, outrora em extinção, servem agora como meio de transporte. Mais do que povos o muro separa crenças, e não há nada como a fé para acirrar ódios. Não se questionam as verdades da alma nem as formas de as impor. Há muito que a lógica não tem aqui assento.

Ali Jaafar nasceu em Nablus há 22 primaveras. Nunca soube o que seria um dia em descanso, sem mais aborrecimentos do que as trivialidades da vida. Há mais de seis meses que não trabalha. Maldita hora, aquela em que optou por ser camionista, pensou.

Aki Kaurismäki tem ascendência polaca. Os seus avós viveram em Varsóvia; bastava-lhe a memória de uma diáspora forçada para não acreditar na força da tolerância. Há três meses abandonara o doutoramento em San Diego para cumprir com o dever de proteger a Terra Santa. Calhou-lhe em escala estar hoje no check-point.

Via-se agora distintamente na linha do horizonte a silhueta do par, à frente Ali puxava o burro carregado com duas caixas com rações de arroz, azeite e açúcar. Não fosse o apoio da Cruz Vermelha e há muito que estariam sem mantimentos.

- “O que levas ali?” pergunta Aki apontando para as caixas.
Ali olha-o espantado “Como sabe o meu nome?”
- “Responda só ao que lhe pergunto! O que tem nas caixas?”, o tom adivinhava problemas.
- “Aqui só tenho rações” afirma Ali colocando a mão na caixa.
Num gesto brusco Aki encosta a arma ao palestino. “Agora pergunto eu ... de onde me conheces?”
- “Quem, eu? Mas foi você que me tratou pelo nome ainda agora aqui!” desespera Ali.
- “Tornas a trata-me pelo nome e morres, enterro-te a ti e ao teu burro ali na valeta, porco imundo!”
- “Imundo terá sido teu pai que cobriu a tua mãe ó cão infiel! Hás-de morrer aqui!”.
Aki e Ali envolvem-se numa luta corpo a corpo. A preparação do militar leva a melhor. Ali encontra-se agora prostrado sob o pé ameaçador de Aki.
- “Pergunto-te pela última vez, o que tens nas caixas?” indaga Aki enquanto agarra a corda que pende do burro.
- “Passamos fome, o que querias que fosse? A justiça?” cospe Ali com algum pó que engolira.
- “Veremos se falas verdade!” e num gesto brusco puxa a corda do burro.
A explosão ouviu-se do outro lado da cidade. Um ancião do Hammas que dormitava na sombra de um coberto abre os olhos e, sem perder a calma, proferiu “Está-se melhor aqui do que ali!”.


30 segundos

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"30 segundos", nem mais, nem menos... o tempo é inexorável, quase implacável quando escasseia e dele fazemos fé. "30 segundos" em todos os poros naquele corpo jovem. Não teria mais de 19 anos, com a fragilidade de quem ainda resiste à puberdade. "30 segundos" que já não eram, nem para ele nem para os outros que o acompanhavam. O som era estonteante, tanto, mas tanto que ele se imaginava a caminho do cadafalso. Olhou os olhos em frente, no lusco-fusco, como eram belos. Ela seria enfermeira, jamais empunharia uma arma, mas tal como ele tinha medo. "30 segundos" que nem eram metade. O calor insuportável fazia do ar rarefeito um forno lento e seguro. Estavam todos entorpecidos e ainda bem, pois o que os esperava não pedia discernimento ou hesitação. "30 segundos" quase no fim. Agora todos sabiam que nada seria como dantes. Os risos espontâneos, as conversas sem substância, o prazer de não se ter de pensar; nada, o que ficava para trás era agora o nada. "30 segundos" no virar da curva. O tanque pára num movimento inesperado, brutal, lançando-o contra a parede oposta. Nunca mais estaria tão perto da enfermeira. As portas abriram-se e num movimento mecânico todos saíram ao encontro do tenente que gritava "go-go-go!". Ninguém lhes dissera qual o objectivo. O edifício era mesmo ali, imponente, num cimento que nunca conhecera pintura. Entraram. "30 segundos" que já não eram. A arma estava agora destravada. Sentia nas mãos a vertigem da morte próxima. Alguém pontapeara a porta escaqueirando as lamelas de par-em-par. Foi ele o primeiro a entrar. A rajada acompanhou-o, nunca parou de metralhar. Nem se apercebeu do grito no olhar apavorado de uma mulher que protegia duas crianças. Só o final do carregador o fez hesitar. Ela, ainda perplexa, mirava-o já marcada pela morte. No peito e abdómen várias munições deixaram as suas marcas. "30 segundos" e tudo acabara ali. Nassiria, uma bela palestina, olhava pela última vez o namorado judeu que cumpria serviço militar em Israel. Namoravam há 3 anos um amor sincero, nascido numa pequena cidade americana. Hoje seria diferente, uma eternidade para um amor se quedar no além. Há vidas mais curtas, mas poucas tão cruéis. Isac, esse, nunca mais viveria "30 segundos", não; horas, minutos e segundos acabaram ali.



Texto e melodia no mesmo cocktail!

Atitude

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Há equipas que não aguentam a pressão de estar em primeiro lugar, há outras que não suportam estar no pelotão. Porto já é primeiro...


Talvez não...

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António Costa vai coordenar a moção de recandidatura de Sócrates. Duvido que Costa se recandidate à Câmara Municipal de Lisboa. Mais do que nunca, ele é fundamental para o PS nas próximas legislativas. Há figuras do baralho que um futuro governo do PS não vai poder descartar. Por outro lado, imagino que ele já esteja arrependido de ter assumido o desafio na câmara. De facto, sanear as contas não lhe dará votos, mas trará dividendos ao próximo presidente, e os consensos custaram-lhe a sua própria tranquilidade.
Liderar não é fácil, liderar Lisboa é certamente muito difícil.