Um homem independente tem, por isso mesmo, bastantes limitações. Basta termos casa própria para nos sentirmos perdidos. Ensinaram-nos que a lida doméstica seria tarefa de outras, que não nos teríamos de preocupar com essas chatices quotidianas. Depois crescemos e sentimos a realidade dura e crua. Regressar à casa da mamã estava fora de questão, restava o recurso ao outsourcing... a empregada doméstica, essa incompetente bem paga que mal vemos e que nos guarda as jóias a contra gosto. Nem tudo é mau, ganhamos qualidades de gestão: contratação de serviços, planeamento de tarefas, gestão de stocks, controlo de tempos e qualidade, e gestão de tesouraria. E pagamos para quê? Meias que nunca conheceram os seus pares, pó que teima em conquistar todos os cantos da casa, roupa que tomba da despensa sempre que se abre a porta, frigorífico delapidado das suas melhores iguarias e, não raras as vezes, um extracto telefónico com números a quem nunca conhecemos a cara. E como comunicamos? Evita-se o contacto directo, dele resulta geralmente indisposição e necessidade de novo recrutamento. Uma folha escrita com caligrafia visigótica na banca da cozinha confirma as horas despendidas e relembra necessidades mais espartanas. Ainda hoje me surpreendo nos supermercados; a diversidade de produtos e funcionalidades é apetitosa; depois de ler as qualidades de um detergente tive impulso para o provar! Fiquei pelo desejo, hoje opto pelas cores e assim garanto a harmonia da estética do lar. A Zulmira, nome da última reumática que se arrasta pela casa, queixa-se que estraga as mãos, que eu devia comprar amaciador; calculo que seja por isso que as minhas camisas preferem os cuidados da "Cinc a Sec"... manias! Regresso agora a casa; sei que ao abrir o correio encontrarei avisos que me notificarão que ninguém esteve em casa para os recepcionar e, eventualmente, algo que terei de levantar urgentemente. Ah! Zulmiras deste mundo, o que seria de nós sem os vossos préstimos?
Espero que a esteja a desfazer...
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http://corpodormente.blogspot.com/2009/02/nova-exposicao.html
Mas há Zulmiras e Zulmiras!
Assinado: Do-it-myself
Anónimo
9/3/09 20:45De ignorante você não tem nada rapá.r.s.s. O texto esta ótimo.. de linguagem moderna e executiva... e há quem nem conheça o rosto das Zulmiras deste meu país.r.ss.
Abçs,
Novo Dogma:
reiNo...
dogMas...
dos atos, fatos e mitos...
http://do-gmas.blogspot.com/
[ rod ] ®
9/3/09 20:51Ai Zulmiras... pelo menos vc tem uma.
Eu quem tenho q fazer tudo isso sozinha!!!
BeijO
Camila
9/3/09 23:45Muito obrigada pela sua visita no meu blog. demorei em responder, pq estive ausente um tempo e ....retomando agora meus amigos blogueiros. Linkei vc e agora seguindo seus rastros!
Voltarei sempre.
Um beijo
............Cris Animal
Cris Animal
10/3/09 02:40Do-it-myself: a Bruno Nogueira ainda não percebeu que a empregada dele toma banho lá em casa. Aquilo é só desculpa para ele pegar nos frascos e não desconfiar que estão mais vazios... pena que ele não tolere comentários!
rod: hahahaha! Obrigado pelo elogio; gostei do "executivo"... será que fiz uma acta? :D O Poeta o Pensador tinha uma música com a referência a uma, e pela letra estava no fim da lista! ;)
Abraço
Camila: se eu não tivesse uma... virava indigente! :D
Beijo
Cris: seja bem vinda, siga os meus rastos, vai ser fácil, sou um caracol! ;)
Beijo
Aprendiz
10/3/09 04:08Aprendiz, como também já fui uma "Zulmira", mais por uma mera vontade de preencher o meu tempo livre e a carteira do que por necessidade absoluta de dinheiro, tenho de partilhar contigo, que realmente, muito do que escreveste é correcto, só é pena teres generalizado. Tocaste-me na ferida, principalmente porque nunca fui assim, trabalhei em algumas casas, sempre fiz tudo o que me pediram e como me pediram, dava literalmente ao litro e pagavam-me pelo bom trabalho, senão vejamos: nunca fui despedida, sempre cheguei a horas, nunca estraguei nenhuma peça de roupa e a única frase que eu ainda digo é que ninguém limpa melhor do que eu, até podem limpar de forma diferente, melhor é que não, porque quem limpa, limpa tudo e limpo fica!
Por vezes existem "Zulmiras" perdidas em casas, onde os donos das respectivas não as sabem comandar, então essas "Zulmiras" fazem o que lhes apetece, como se a casa fosse delas e sem qualquer controlo da parte de quem manda, para saber mandar é preciso saber fazer, talvez se souberes ou quando souberes o que queres que ela faça e lho disseres com toda a tua determinação, ela o faça e não mexa em nada mais.
Beijocas
No Reino do Infinito
10/3/09 12:38Karochinha: minha querida amiga (permite-me que te trate assim), concordo com o que disseste. O meu exemplo foi escrito em tom de brincadeira, embora com alguma verdade. Não podemos generalizar, um facto, é o problema das "médias"... um gajo com a cabeça no forno e os pés num frigorífico está a uma temperatura média agradável! :D
Gosto da tua revelação, mostra que não te caíram os parentes na lama por o teres feito. Aliás, não há profissões desonradas! O que há, isso sim, é actividades ilegais! :)
Há Zulmiras fantásticas que tomam conta dos filhos como verdadeiras mães, e saber-se que elas estão em casa é saber que tudo está bem! Eu conheci-as assim em casa dos meus pais, tios, avós e tive algumas assim. Mas em Lx é difícil encontrar alguém fantástico, é um facto! E não falo só de Zulmiras! ;)
Beijocas
Aprendiz
10/3/09 15:07Tens razão amigo (claro que não me importo, por quem me tomas?) fui pouco curta e grossa suficiente, sorry mas gostei dessa tua forma de colocar as coisas por "médias"!!!
E continuas com a razão...mais à frente, a minha mãe, mais uma "Zulmira" é dessas a quem entregam os filhos e a casa e o poder de ordenar e decidir o que se compra, o que faz falta e etc. Claro que não me sinto nada diminuída, por o ter feito, pelo contrário, sinto-me privilegiada por o ter conseguido fazer estando na condição de não precisar de o fazer por desespero, por ter aceite ser uma empregada de limpeza, aprendi a organizar melhor a minha casa e as minhas coisas e fez-me crescer. Além disso, a minha inteligência não está nas mãos e pés apenas, distribui-se de igual forma pelo corpo todo...;)
Beijocas e boa sorte, com as "Zulmiras" e não só...
No Reino do Infinito
10/3/09 16:03Aplaudo de pe...simplesmente pela veracidade em que colocas as "Zulmiras" deste mundo, alem de ser escrito por um homem que descreve na perfeicao as nossas frustracoes!
Admiro-te nao so pela escrita mas pela sensibilidade tambem!
Um beijo carinhoso
Eu sei que vou te amar
10/3/09 16:56Acho que precisas contratar algm com indicações melhores que Zulmira! rs...
Bjm
«Line»
10/3/09 17:53Karochinha: reforço o que disse; és uma querida! Obrigado! :)
Eu sei que: agora corei! :) Eu nunca quis, não quero, não posso, nem sei falar das vossas frustrações! Esse assunto não está ao alcance dos homens; nisso somos uns meros ignorantes! Quanto à escrita e sensibilidade é de um hetero (para não haver dúvidas :D) atento!
Beijo carinhoso para ti também
@line: agradeço que me digas como faço o caderno de encargos... na próxima contratação irei ter em consideração todas as vossas sugestões! :)
Bjs
Aprendiz
10/3/09 19:02Como gosto da tua escrita, moço. Abraço.
Cleyton Cabral
10/3/09 19:46Cleyton: obrigado! Falo de me chamar moço, não da escrita, já ganhei o dia! :) Eu não preciso de dizer que gosto da tua, já sabes!
Abraço
Aprendiz
10/3/09 19:58Eita que massa, olharei o comediante. Já fiz stand-up comedy... uma vez! Eu tava bêbado... depois que pegar o vídeo te mostro. Abração.
Cleyton Cabral
10/3/09 20:23Cleyton: temos muitos em Portugal, alguns muito bons, outros na política... mas rimo-nos de todos! :) Fico à espera do vídeo.
Abração
Aprendiz
10/3/09 20:26ahauahauhaa
Ah, já fiz um curso de interpretação teatral com um encenador português. Muito bom ele: João Motta. Conheces?
Cleyton Cabral
10/3/09 20:47Cleyton: já ouvi falar. É este, não é?
Aprendiz
10/3/09 21:13Hum... eu não tenho muito jeito para ser "zulmira" mas tb nunca tive a necessidade de tentar a sério!! Talvez ainda venha a ser uma surpresa!! quem sabe...?
=P
beijinho*
Flor
10/3/09 23:13flor: a ocasião faz o ladrão... ou dito de uma forma mais simpática... se te derem um aspirador de última geração ou um ferro de engomar que não queima a roupa, não é uma surpresa... é um pedido! :D
Aliás, o problema é vosso que levam os enxovais para as relações que constroem. Depois têm de tratar deles... e sentem-se enxovalhadas! Para resolver o problema um homem devia levar metade do enxoval e tinha de tratar dele. :D
Beijinhos
Aprendiz
10/3/09 23:27Um homem independente .... tem bastantes limitações ???!!!! Fez-me sorrir !!
Tanta preguiça, tanto comodismo ....
Sem a " Zulmira " viravas indigente !!!! :D
De certeza que ias aprender tanto e dar mais valor a tanta coisa ....
Pelo vistos tiveste azar com a "Zulmira" , a minha é fantástica e estou perto de Lx ;)
Beijo
Blue Butterfly
11/3/09 01:59Há preços muito elevados, nao há? ;)
Daniel C.da Silva
11/3/09 02:02bluebutterfly: imagina o que é estar doente sem uma Zulmira? Andava a sopas... :D
Beijo
Daniel: e eu não ganho para isto! ;)
Aprendiz
11/3/09 02:07Sopinha é bom , faz bem...:D
Beijo
Blue Butterfly
11/3/09 02:47Mas olha que o preço a que me referia nao era pecuniarioa, ate porque donas Zulmiras podem nao ter preço ;)
Daniel C.da Silva
11/3/09 10:56buebutterfly: eu adoro sopa, mesmo quando estou doente! :D
Beijo
Daniel: ah! a piada era subliminar e digo-te, se calhar há preços maiores, tudo depende da "qualidade" das donas Zulmiras! ;) Como diria o outro, para dançar o tango são precisos dois e há vassouras que levantam muito pó! :D
Abraço
Aprendiz
11/3/09 14:09Nao deixa de ser um texto de reconhecimento ao valor das Zulmiras nessa tarefinha árdua de se encaixar entre ttas outras, que é organizar uma casa.
Cris_do_Brasil
14/3/09 12:34Cris: um facto! O trabalho das Zulmiras não tem preço quando são pessoas de confiança! Algumas até são consideradas pessoas da família, e ainda bem!
Aprendiz
14/3/09 21:29