Vivemos tempos de mudança. Alguns acreditam que estamos em crise, mas não. Os ciclos tecnológicos, económicos e sociais são cada vez mais curtos. E esta MUDANÇA contínua, potenciada pela globalização, deixou-nos expostos a um novo paradigma onde por vezes os jogos são de soma nula. Onde ganham uns, perdem outros. Claro que todos querem prosperidade e uma vida digna. Todos, sem excepção, têm direito à establidade sem a qual será difícil ser feliz. Mas há cuidados a ter, que a evolução não seja feita à custa dos outros.
A concorrência deve ser leal; os factores de produção (matéria prima, trabalho, capital) devem potenciar uma sociedade equilibrada. Tem-se como verdade (no qual o livro Valuation da Mckinsey é referência) que o accionista (shareholder) é o único que pode garantir os interesses de todos envolvidos (stakeholders), uma vez que perseguindo o lucro ele visa o aumento de valor da empresa e, assim, o sucesso desta e de todos que gravitam à volta dela; clientes, empregados, fornecedores e Estado. A verdade não é assim!
A deslocalização dos factores de produção fez com que os empresários procurassem estar mais próximos das matérias primas, do trabalho mais eficiente (aqui falo do custo e não da qualidade, isso seria eficácia) e do capital mais fácil (expondo-se a riscos que só agora percebemos). Este processo foi feito com muita ganância e sem a devida transparência. Mas este é um problema ideológico que tem de ser resolvido, pois a sociedade precisa de novos modelos de desenvolvimento uma vez que os conhecidos foram falindo ao longo dos tempos.
Não é justa a sociedade que promove a desigualdade, mais ainda quando esta se perpetua por herança de geração em geração. Não se pode incentivar a riqueza sem cidadania, sem consciência social. Mas também não se podem punir os criativos, aqueles que assumem risco para criar riqueza. Então qual será o modelo ideal?
Essa é a resposta que vale vários tetraliões de euros (agora que os dólares valem pouco)! Este será um tema recorrente para mim, virei a ele mais vezes para falar de soluções e serei certamente polémico como qualquer ignorante o seria.
Para já deixo uma atitude que pode parecer demagógica, pouco eficaz, mas que vou ter em conta sempre que fizer compras. Há quatro anos foi lançado o movimento 560. A questão tem a ver com o proteccionismo, mas sem que este seja promovido pelo Estado ou pelos empresários, mas sim pelos consumidores. Quem nos pode criticar? Comprem o que é feito cá, seja de marca portuguesa ou internacional. Boas compras!
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Obg pela visita, estou a te seguir e voltarei sempre!
Bjo, boa semana!
Erica de Paula
28/3/09 21:52Essa questão da produção e da responsabilidade com esta e as gerações futuras é super importante! todos devem começar a pensar sobre suas reais necessidades e parar de engolir necessidades inventadas pelo mercado e assim diminuir o consumo exagerado e desmotivar criações nocivas à natureza."Uma vida simples" deveria virar moda :)
Parabéns pelo texto.
Clea Pinheiro
28/3/09 21:52Olá...estou a te seguir com esse meu blog tb!
Te linkei lá no Confessando, escrevinhando...
Bjos no coração!
Erica Maria
28/3/09 21:55Parabéns pelo post!
Eu cá já sigo esta filosofia de comprar o que é português há muito tempo... :)
Lu.a
29/3/09 15:17Tenho certeza de que duas coisas são infinitas...
O universo e a estupidez dos homens...
Mas do universo não tenho certeza ainda..
Faço das minhas, as palavras de Albert E.
E esse comentário é para todos os textos recentes que consegui ler.
Adorei o blog, volte sempre
R.L.
29/3/09 18:16Ainda hoje e depois de ter recebido um email com a iniciativa deste movimento, já vai há uns bons 3 anos, quando vou às compras confiro sempre o código de barras para ver o "560". Se puder escolho apenas os produtos nacionais.
Belo tema, belo exemplo...
Bom Domingo
Beijocas
No Reino do Infinito
29/3/09 21:17Olá Aprendiz,
Obrigada pelo comment, também gosto imenso da tua escrita ( e digo-o honestamente, não sou do tipo de elogios gratuitos).
Confesso que desconhecia o movimento 560, mas acho uma óptima ideia.
Eu sempre tive uma filosofia muito proteccionista em relação aos produtos portugueses - não vou a lojas chinesas (que considero concorrência desleal, para além de não concordar com as políticas de trabalho na China...), evito centros comerciais (gosto bem mais do comercio tradicional e de rua), faço sempre pelo menos uma semana de férias em Portugal. No que toca a moda, gostava de consumir mais produtos portugueses, mas a maioria dos ateliês encontram-se no Norte e ao preço que são, não valem a deslocação. Quanto à comida, não sou grande fã de comida tipicamente portuguesa e vou bastante a restaurantes estrangeiros (chamemos-lhe gosto por outras culturas).
Contudo, acho que para além de consumirmos o que é português, também é importante divulgarmos lá for a o que de bom se faz cá dentro.
Por outro lado, acredito que mentalidade portuguesa está a mudar. Já não é mal visto gostar de coisas portuguesas, já há no ar um certo orgulho em ser português e as pessoas já começam a perceber que se calhar Portugal não é assim tão atrasado e que até podemos ser muito bons ou até melhores em muitos aspectos, do que outros países ditos de 1º mundo, como por exemplo os Estados Unidos e o seu sistema de saúde e de ensino ou Itália com a sua política frágil, sistema de saúde assustador e desorganização crónica.
Vou passar a ver os códigos de barras!
Beijinho
Pepa
Pepa Xavier
30/3/09 12:58Se o consumismo exagerado e descabido não tiver um fim....o planeta entrará no caos antes do esperado.
Muito legal seu texto. Ótimas considerações!
beijo
..............cris Animal
Cris Animal
30/3/09 17:46Não sei se a solução passa por ai! Acho que seriamos um pouco egoístas se o fizessemos. Que seriam dos sapatos portugueses se os franceses aderissem a moda do produto nacional. Era dinheiro que não entrava no nosso país, empresas que iam fechar pois não iam fabricar o suficiente para se aguentar, o desenprego..... o efeito dominó como é conhecido.
O problema é muito mais amplo. É para mim difícil também propor soluções... pois todas elas devem estar esgotadas e já repetimos alguns modelos diversas vezes. Se calhar o problema é querermos equilibrar as coisas... isso de sociedades equilibradas...não sei. sei que um dia nos vamos levantar desta crise e criar as origens para uma outra crise num outro futuro..... não tem sido assim ao longo dos séculos??????? Nós tentamos aprefeiçoar um modelo e depois tudo vem abaixo. Não sei!!! mas essa medida que fala é mais uma das mil e uma medidas que nos fazem convencer que de facto chegam a lado algum.... não sei.
Valentim Coelho
31/3/09 20:28Erica: estás a seguir-me??? Olhei para trás e não vi ninguém! ;) Ok! Vais voltar e eu também!
Beijos
Clea: “Uma vida simples deveria virar moda”, concordo, embora essa já seja a realidade da maioria da população mundial... tal a pobreza! A consciência social e ambiental, dimensões que devem coexistir pacificamente num equilíbrio que deve pender sempre para o mais fraco, neste caso para a biodiversidade.
Beijos
Lu.a: pois eu também e acho fundamental alimentar este desejo de ter orgulho no que é português.
Beijos
R.Laplace: fiquei na dúvida se o meu blogue era comparável ao Universo... contei os posts, acho que não! :D Lembraste-me uma estória que dizem ter passado em Coimbra com um professor liceal. “A insolação provoca a morte ou a loucura, e eu sei disso porque já tive uma!”.
Sei que gostaste do blogue, obrigado, volta sempre!
Beijos
Karochinha: pois, a menina sabe tudo, podia ter avisado, não? :) Eu desconhecia o movimento, mas acho a ideia fantástica. Já aderi! Mas acho que as pessoas são mais sensíveis ao preço numa época de crise ou a outros valores do produto tangíveis e intangíveis. Poderá servir de desempate, eventualmente, em caso de dúvida. De qualquer forma eu vou apostar na teimosia; quero comprar produtos portugueses.
Beijos
Pepa: obrigado pela reciprocidade, acredito que não precises nem faças elogios gratuitos.
Eu também desconhecia este movimento, mas ao aperceber-me dele senti necessidade de o divulgar. Aliás o tema deu-me várias ideias, problemas da minha permanente curiosidade.
O movimento tem uma particularidade; o produto pode ter marca internacional, mas desde que seja feito em Portugal está a manter a mão-de-obra, a usar eventualmente matéria-prima e tecnologia portuguesa e os impostos ficam cá! Assim, o 560 serve para produtos de marcas nacionais e internacionais, mas garante-nos que foi feito cá na nossa terrinha, que de tão pequena se fez grande numa diáspora invulgar de navegadores, de feitorias e emigração.
Quanto à moda, da qual sou um profundo ignorante (vivi em Itália, mas basta-me a Via Della Spiga em Milão para perceber as minhas limitações), aprecio nas mulheres o gosto por La Perla e outros gostos supérfluos (vá, critica-me! :), mas desconhecia de todo que o Norte se impunha na moda portuguesa. Aliás, sei que as principais fábricas têxteis (para o prêt-à-porter) estão no Norte, mas pensava que o design estaria a sul. Curioso, passa-se o mesmo ao nível da arquitectura e belas-artes. O que terá o Norte de tão diferente que promova a criatividade?
Quanto à saúde pública, deixa-me dizer-te que Portugal está no 12º lugar da Organização Mundial de Saúde (organismo da ONU), à frente do Reino Unido, Irlanda, Suécia, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suiça, Estados Unidos, só para mencionar alguns.
Conheço duas empresas nesta área que estão a tirar partido desta realidade, do Orgulho em Portugal, a Fly2doc de turismo de saúde e a Medicsearch de recrutamento de profissionais de saúde; a primeira aposta na mobilidade de doentes, a segunda investe na mobilidade de médicos, dentistas, enfermeiros. Isto só podia ser possível por sermos excelentes nesta área, embora a maioria dos portugueses não ter a menor ideia do que tem. Este é o problema de quem viaja mais para sul, para as praias, e desconhece a realidade do mundo a Norte, o tal que em muito nos devia servir de exemplo mas que neste caso se pode servir de nós como paradigma (ok, talvez haja aqui algum exagero, mas é pouco).
Quanto ao divulgarmos o que temos lá fora não podia estar mais de acordo contigo. De facto, a marca Portugal não existe. A verdade é que hoje as pessoas já nem comparam países, mas sim cidades. Este é um novo paradigma, onde Londres aparece no topo à frente de NY e de outras cidades potencialmente mais sonantes. Fiz desta cidade a minha segunda casa, onde vou por trabalho de quando em vez e, estranhamente, cada vez gosto mais dela. No blusão, blazer ou noutra indumentária (é raro usar fato, prefiro o casual e não tenho reuniões na city, e e mesmo usando dispenso sempre a gravata) levo sempre um Pin que me deram no Startracker, “Proudly Portuguese”. Pode parecer bimbo, mas faz-me sorrir!
Tu que gostas de moda, vou-te contar uma curiosidade. Este fim-de-semana estive numa festa de anos temática (José Cid – Madona... whatever that means... mas que me diverti, diverti!), na qual estavam várias pessoas que vieram de Londres. Uma delas disse-me que esta semana, devido à reunião do G20, foi pedido às pessoas que trabalham na city para irem vestidas casual para não serem alvo de represálias; se a moda pega...
Beijos
Cris: o homem, apesar de tudo é inteligente e a natureza, mesmo manifestando-se contra as barbáries que lhe vamos fazendo, vai sobreviver-nos. Acredito no desenvolvimento sustentado. Sou crente! :D
Beijos
Valentim: respondo-te depois, vou jantar e a tua resposta obriga a tempo! :)
Abraço
Aprendiz
31/3/09 20:52É pena que a porra da mudança seja sempre para pior.
Sanxeri
31/3/09 22:08Valentim: "que seria dos sapatos portugueses se os franceses aderissem mais aos produtos nacionais?". Agora estou perplexo, por duas razões: primeiro, não há povo mais proteccionista (veja-se a agricultura francesa) do que o Francês; segundo, exportamos sapatos para França??? Quais? Sapatilhas Adidas? Mas essas são feitas na China. Diz-me, por favor, uma empresa portuguesa que tenha fábricas em França? Quais as marcas portuguesas que têm produtos ou lojas em França? Os franceses gostam dos produtos com marca portuguesa? ;) Os franceses mandam fazer cá muitos produtos, mas com marca francesa.
Eu compreendo a tua questão, mas não concordo com ela.
Os franceses, só para manter o exemplo que deste, preferem comprar produtos franceses. E como fazem eles tal? As marcas francesas são muito protegidas e divulgadas (os carros são na maioria franceses, os filmes são dobrados, quase só se ouve música francesa, etc.), o chauvinismo é levado ao extremo. A dificuldade em se fazer negócio com os franceses é incrível; os entraves são muito maiores do que aqueles que eles encontram aqui. Claro que eles aceitam a nossa mão de obra barata, mas têm tendência a criar ghetos para os emigrantes (queres maior proteccionismo do que este) perto das grandes cidades, onde exilaram argelinos e outras nacionalidades.
O problema dos portugueses é que não conhecem as marcas nacionais, e se as conhecessem não têm orgulho nelas. Somos uns bimbos! Os americanos têm a bandeira dentro de casa ou no jardim, os brasileiros vestem-na, nós só nos lembramos da nação com o futebol. É preciso olhar para as PME, para quem trabalha cá e ajudar a comunidade de uma forma inteligente. Num mercado livre cada um pode comprar o que quiser, compremos o que cá se faz à semelhança do que fazem os maiores do que nós nos seus países!
Abraço
Sanxeri: nem sempre, com a tua idade tens de ser optimista, como eu! ;) O mundo tem vindo a melhorar dia a dia, e se hoje vivemos uma crise, essa será passageira pois os ciclos são mais curtos. Espero que as decisões que resultem desta situação permitam ao G20 a criação de mecanismos de regulação dos mercados. Uma boa medida seria acabar com os off-shores. Vamos ver se o Obama está tem a dimensão do desafio? Espero que os Sarkozis da vida, cujos países se fossem tão bons como eles imaginam seriam maiores do que os EUA, sejam humildes. Vamos ver o que sai daqui! A humanidade aguarda. :)
Beijos
Aprendiz
1/4/09 04:00Bem, há uns tempos para cá que o Startracker me "persegue", ainda não percebi bem o que é que é, mas aparece em todo o lado - twitter, facebook, revistas e agora também através dos blogs. Essa festa foi cá ou lá? É que ainda no outro dia li na DIF (salvo erro), que haviam duas empreendedoras portuguesas em Londres a organizar festas e eventos para a nossa comunidade. Eu também conheço imenssos prtugueses em Londres e para o ano, se tudo correr bem, serei eu a juntar-me à comunidade. Mas para mim ninguém me tira a minha bella Lisbona! Anche io ho vissuto in'Italia, però apenna un'anno e non a Milano, invence sono stata a Firenze. Ho una voglia matta di ritornare un giorno (ma solo per vacanze). Mi piace e manca tantissimo quella città! Ma ho sempre molto orgoglio in essere portoghesa!E por falar em orgulho na minha cidade, ainda há uns meses mandei fazer uma t-shirt a dizer I (heart) Lisboa e tem tido imenso sucesso. Eu também vou sempre informal para a redacção – liberdade de expressão o mais possível e agradece-se! O que é que fazes mesmo em Londres?
Pepa Xavier
1/4/09 16:04Boas tardes,
não concordo de todo consigo. Os sapatos da "alta costura" são muito porcurados pelos franceses. Mas o caso dos sapatos foi um exemplo. A fabrica da volkswagen em palmela não produz exclusivamente para portugal, pois não tinha mercado, mas dá emprego a portugueses. Eu sou produtor de vinho do porto. Que seria do Douro se ele não se vendesse por esse mundo fora. Agora imagine que todos os países adeissem a moda do produto nacional. É um bocadinho complicado pensar que a nossa poderiamos sobreviver à à custa disso. De facto aluns produtos poderiam ter um outro tipo de escoamento. Mas isso não seria suficiente. O que isso iria contribuir para o produto interno bruto seria uma pequena percentagem que aquilo que o país precisava para circular dinheiro e movimentar a economia portuguesa. Mas isto é só a minha opinião.... veja o que o governo fez ao Algarve para se vender melhor... criou a marca ALLGARVE!!!!
precisamos de vender para fora assim como precisamos também de comprar de fora!
bem estou a espera de um ATTITUDE CHANGE 2, pois acho que este tema ainda não se esgotou....
Valentim Coelho
1/4/09 19:35Valentim: penso que não leste bem o que eu escrevi. Resumindo:
- eu nunca falei em não se comprar produtos de marcas internacionais feitos cá; falei, isso sim, que em caso de disponibilidade devemos comprar produtos de marcas portuguesas ou produtos de marcas internacionais feitos cá. Só na ausência de opção é que se devia optar por outros produtos. O exemplo de Palmela, do teu vinho, etc. cai dentro do que falei, são feitos cá. Os produtores do vinho do Porto, esses, nem deviam colocar a questão pois o produto é de zona demarcada. Vai pertuntar ao grupo Auchan ou ao Continent francês onde é que eles fabricam o vinho do Porto de marca branca? Ah pois é!
- a maioria dos grandes países aderiu à muito a essa moda; EUA, China, Índia, Brasil, Rússia, França, Itália só para mencionar uns quantos. Eu viajo muito mesmo, falo como os gajos do AICEP e sei bem da inépcia do nosso loby quando comparado como os outros países.
- claro que há excepções, alguns produtores ou fabicrantes de nicho que lá conseguem penetrar noutros mercados. Basta olhar a vizinha Espanha; de sucesso temos a Renova, os café Delta e a Galp. Consegues dar-me outra marca? São de facto business-case estudados. Noutros países, como na Polónia, temos o Mullenium e o grupo Jerónimo Martins. Enfim, os exemplos são poucos pois eles protegem-se ao nível Estatal (processual e regulamentar) muito mais do que nós.
Quanto ao ATTITUDE CHANGE 2, o post seguinte é sintético mas muito sintomático! Temos um problema de atitude! ;)
Abraço
Aprendiz
2/4/09 02:11