Portugal foi sempre um país limitado, não pelas suas fronteiras, mas antes pelas mentalidades. Somos, na generalidade, um povo subserviente que admira líderes fortes, onde a ignorância ancestral propicia a manipulação.
Confundimos candura com imobilismo, iniciativa com subsídio, mudança com perigo, sucesso com pecado. Inventámos para nós as maiores desculpas; saudade para insatisfação, fado para desgraça, desenrascanço para incompetência.
Depois, como todos os fracos, precisamos que pensem por nós. Somos um povo de fé; bem-aventurados os profetas. E da necessidade nascem os pensadores, poucos, mas fielmente seguidos.
Uns, os livres pensadores, acabam por ser radicais e insensatos; têm cor política embora nem sempre militem. Pacheco e Alegre são duas faces da mesma moeda. Ambos arrogam ser mais puros do que os seus pares. O primeiro promete mudar de cidade para não votar em Santana, mudará ele de País quando um opositor interno se candidatar a primeiro-ministro? O segundo já se candidatou contra o seu partido, mas porque não deixa ele de ser militante?
Outros, os analistas, têm presença garantida e constante num qualquer canal de televisão. Apresentam em directo monólogos sem censura, simulam ter distância crítica de tudo e de todos, e num mundo global abordam qualquer tema sem que nunca lhes falte conhecimento, opinião e previsão. São claros na linguagem, subliminares na crítica e têm, obviamente, uma agenda escondida. São, portanto, uma fraude. Marcelo e Vitorino são versados nesta ciência. O primeiro já tentou ser quase tudo e depois de vir a público criticar a conduta da sua "grão-mestre", vem agora atrapalhado defender a escolha de Santana. O segundo, mais discreto, não quis ser tudo mas podia, e avança com a liberdade de opinião para esconder a falta de coragem de correr com Alegre.
Todos eles, livres pensadores e analistas, ao mirarem-se ao espelho perguntar-se-ão: "Espelho meu, haverá alguém mais inteligente do que eu?".
E nós que os ouvimos o que dizemos? Merecemo-los!
É preciso afundar as caravelas e olhar para o futuro!Nota: para além dos pensadores... falei no Santana. Era o oportunista que tinha mais à mão!