Desfocado

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As luzes começam a esbater-se lentamente. O silêncio acompanha a escuridão a anunciar não a ausência de tudo mas, pelo contrário, o início da novidade. Ouvem-se os rodízios a chiarem com o movimento do pano. O espectáculo vai começar.

Em simultâneo, vários focos acendem-se apontando o céu. Os corpos vestidos de negro que os seguram deslocam-se em movimentos erráticos no palco. Não há mais som para além dos passos descoordenados.

Subitamente, uma cara entra em cena iluminada pelo seu próprio foco, é mulher e não terá mais de 30 anos. A velocidade que imprime no ziguezaguear que faz por entre os outros focos é acompanhada pelos sons espaçados de uma flauta. Pára, lança agora o foco para cima a imitar os restantes. A flauta deixa de tocar como se toda a vida daquele foco tivesse ficado esgotado.

Num passo cada vez mais acelerado aponta agora o foco em frente na procura das restantes caras. A flauta solta sons estridentes no meio de uma melodia pausada. Tristes, felizes, admiradas, indiferentes, são estas as caras que encontra. A sua, porém, nunca sorri. Em desespero pousa o foco, terá desistido? O foco roda sobre si mesmo em solavancos até se deter nos pés de alguém que não tinha luz.

Como é belo aquele corpo iluminado por baixo. Ele, assustado, dá um passo atrás ficando somente com os pés no lusco-fusco. Ouvem-se passos; ela está ao lado dele, os pés iluminados de ambos denunciam-nos. Os outros focos começam a agitar-se enquanto se vão aproximando. A flauta calou-se, ouve-se só o som de um tambor como se de um coração se tratasse.

Os focos estão agora unidos a apontar o céu. Em uníssono e num movimento circular de cima para baixo, concentram-se todos no par enamorado como se a felicidade deste os incomodasse. A flauta solta um som continuado, uma lamúria, enquanto o casal desfalece no palco. Os focos apagam-se, nem todos ao mesmo tempo, a fugir da culpa, evitam a vergonha.




À falta de música para o texto, seria necessário compô-la, deixo-vos este delírio: Opera Diva(*) do filme O Quinto Elemento por Inva Mula Tchako.



(*) "The Diva Dance opera performance featured music from Gaetano Donizetti's Lucia di Lammermoor "Il dolce suono", the mad scene of Act III, Scene I, and was sung by Albanian soprano Inva Mula-Tchako, while the role of Plavalaguna was played by French actress Maïwenn Le Besco. Part One (titled Lucia di Lammermoor) and Part Two (titled The Diva Dance) of this piece are included as separate tracks on The Fifth Element soundtrack, but are sequenced to create the effect of the entire performance seen in the film. The end of Part One blends into the beginning of Part Two, creating a smooth transition between the two tracks."

Mula da cooperativa

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Carnaval sem vinho é como Verão sem sol...

- Andas com ar cansado! O Carnaval não perdoa...
- Mascarei-me de burro e passei a noite toda a dançar com a Maria que se mascarou de mula.
- Já não tens idade para dançar tanto, homem!
- Dançar foi o menos, não fosse o mau hálito dela e nunca teria percebido que o Manel andava em desacato à procura do animal...



Música para otites, dores de dentes e outras indisposições!

Caixa de Pandora

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Para acompanhar o texto; Sonata ao Luar de Beethoven


O Carocha circulava por entre os plátanos que emparedavam a estrada. A noite mostrava aqui e ali as estrelas que resistiam à noite de luar. Passaram os portões escaqueirados e o caminho levou-os à casa rodeada por um relvado algo descuidado. Numa das alas do jardim um chorão e alguns carvalhos projectavam sombras no relvado subindo, algumas delas, as paredes de pedra da casa centenária em desenhos erráticos.

Entraram e subiram para o quarto sem a pressa que denotasse o ânimo que os movia. A divisão era ampla, demasiado ampla, onde o pé-direito elevado se impunha à decoração minimalista.

Uma parede estava completamente coberta por uma tela que ambos pintaram. Na metade dela surgia uma caixa aberta de onde caíam algumas folhas desordenadas. Uma ampulheta jazia quebrada por cima delas deixando a areia fina escorrer até ao soalho. Ao alto, um céu invulgar projectava cores alegres num movimento inquieto. No canto direito, junto ao que ele pintara, uma for de lótus pendia sobre uma mala envelhecida. O cadeado apresentava uma ranhura em forma de interrogação embora, se se atendesse ao detalhe, se vislumbrasse um sorriso.
As cores dele eram mais escuras, mais pausadas, mas não sem vigor. Um tronco atlético suspendia-se num trapézio já no limite da imponderabilidade. Um dos braços rasgava o céu dela tocando ao de leve o sol com o indicador, num gesto que indiciava cumplicidade mas que se negava a tomá-lo. Da outra mão, firmemente agarrada ao trapézio, caía uma margarida. Por baixo, num parapeito de uma janela aberta, esperava-a uma pequena caixa aberta com a inscrição C.P. Três livros caídos lateralmente, uns sobre os outros, completavam o parapeito. Num deles sobressaía um marcador onde se podia ler distintamente a palavra “lógica”. Mais abaixo, um instrumento invulgar em madeira colmatava o quadro. Percebiam-se as roldanas, as articulações em ferro forjado, mas não a função.

A portada aberta da varanda deixava entrar a luz ténue do luar. Não precisariam de mais. Sentaram-se no soalho e ela agarrou um livro que andava a ler há pouco. Olharam-se firmemente. Ela abriu o livro e, inesperadamente, rasgou com zelo uma das folhas. Dobrou-a com todo o cuidado até a folha não ser mais do que um pequeno quadrado de papel. Agarrou o braço dele e abrindo-lhe a mão disse-lhe, “está tudo aqui…”. Ele cerrou o punho e afirmou, “nunca o vou ler”. Sorriram num olhar que dispensava palavras.

“Eu também tenho uma surpresa para ti…”, ela franziu a testa como se esperasse dele esta provocação. Subiram ao sótão, um lugar só deles, iluminado por uma pequena clarabóia. Ela acercou-se da luz que dali emanava. O rosto cobriu-se de um branco pálido, a desilusão de não vislumbrar algo que procurava.
“O que se passa?”, perguntou-lhe ele num tom indeciso. “Não vejo a lua… era essa a surpresa?”. Ele, sem responder, deitou-se no soalho colocando a cara onde os raios terminavam. Percebendo a intenção, ela debruçou-se sobre o corpo dele e, assombrada, caiu ajoelhada. Os olhos de mel esverdeado eram agora pretos, profundamente pretos. Aproximou-se lentamente da cara dele. Agora tudo era mais nítido; nos olhos cintilavam as estrelas que os raios transportavam, nunca vira um céu assim! Na extremidade de um deles veio o espanto, conseguia ver a lua. E no deslumbramento de a contemplar, a lua soltou-se e escorreu pela face dele. Num movimento delicado apanhou a lágrima com um dedo. Pegou-lhe na mão ainda cerrada e depositou a gota no quadradinho de papel. Sorriu como uma criança e disse-lhe, “agora já o podes ler!”.

Yamaha 4x4 Wave Runner

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Em época de crise, soluções de crise. Para quem vive na margem sul acabaram-se as filas intermináveis na ponte ou a espera pelo cacilheiro. Este brinquedo pode resolver o problema; afinal somos um povo de navegadores! Quem tiver a bússola que dê o primeiro passo! Eu, felizmente, dispenso o brinquedo pois vou para o trabalho a pé... mas neste caso tenho pena! Um brinquedo destes antecipava-me o Verão!


La città - parte 1 (conto)

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Veneza nunca fora para ele a cidade mais bela do mundo, mas por razões profissionais fazia dela uma segunda casa. Para além dos fatos e sapatos tudo o resto o entediava. O tom delicodoce de uma língua que precisa de mímica para se compreender na totalidade, o excesso de monumentos, palácios e casas classificadas onde um elevador não pode ser construído se violar a arquitectura original. A falta de comodidades de uma cidade moderna irritavam-no profundamente. Pior só a péssima cobertura celular, pois as antenas retransmissoras estão proibidas no espaço classificado. Pelo menos ganhava a privacidade como vantagem, a qual não desdenhava.
Mas não é disto que vos quero falar. Estamos no Carnaval e ele nunca perde a oportunidade de se fazer notar. Esta bienal terá um novo formato. Veneza está divida em seis “sestieri”; Cannaregio, San Polo, Dorsoduro , Santa Croce, San Marco e Castello, cada um com o seu procurador. Para retirar pressão à praça de S. Marcos decidiu-se alargar a festividade a toda a cidade, como o era desde 1268. Só o mau gosto dos austríacos, aquando da ocupação da cidade, fizeram com que o Carnaval se perdesse e só fosse retomado em 1980.
Mário, íntimo do procurador da Isola Sacca Fisola, ilha que pertence ao "sestieri" de Dorsoduro, sabe que a oportunidade é única. Fisola está ligada por ponte a uma ilha artificial, Sacca San Biagio, onde existe uma incineradora inactiva. Há muito que ele convenceu o procurador a aí construir um hotel de 7 estrelas, algo só comparável ao Burj Al Arab Hotel no Dubai.
A ambição de Giuseppe Dandolo é grande, quer conquistar a câmara e fazer de Veneza "la città"; a imortalidade está há séculos garantida pela arquitectura e canais, mas falta-lhe a modernidade que lhe devolva o bulício que se perdera nos anos 50 com as cheias. Os novos diques são já uma realidade, o investimento para o seu "sestieri" virá misteriosamente das ligações internacionais de Mário. Dandolo persegue a fama.
Mas hoje é dia de festa, não se falará de negócios, dia para os pavões mostrarem as suas caudas, leques acenados a outras máscaras. Ele não fará diferente.
“Egli è qui!”, ela sorria enquanto repetia a frase, a meia máscara dourada que lhe ocultava a parte superior da face garantia o anonimato. O vestido fora talhado para um corpo que não apresentava mácula, o azul turquesa impelia o pensamento para outros mares, recifes e calores. Olharam todos; miúdos, graúdos, eles e elas, e enquanto ela passava, os olhares, também eles escondidos noutras máscaras, iam deixando cair sorrisos espontâneos de quem se deleita com o belo, com o exuberante. Há mulheres assim, onde a química exala para além da necessária troca de olhares. Aproximando-se de Giuseppe disparou, “Un bacio per te amore mio!” o que o deixou verdadeiramente incomodado; como político sempre fora brilhante; o contraditório, a pequena intriga, a troca de favores foram batalhas ganhas, mas perante mulheres belas a timidez tomava-lhe o pulso.

(a continuar)


De votos

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O veto presidencial à proposta de alteração da lei de voto dos emigrantes é, a meu ver, justa. Não avalio o homem, só a decisão. O Sr. Silva diz-me pouco, como os outros, aliás.
De facto, basta passar num consulado português para se perceber que o voto por correspondência não só diminui custos administrativos, como permite que todos votem. Entrar no consulado de Londres, por exemplo, é ver dezenas de pessoas a solicitar vistos, a renovar documentos, etc. num ritmo que faz dos serviços verdadeiros fast-food documentais. Votar neste caos era não só irresponsável como irreal. Será que os nossos políticos conhecem a rede de consulados portugueses?? Porque não aplicam o Simplex aos consulados?



"Que grande salada! Consulados? Consolem-se!"

KidRex

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Uma excelente novidade! KidRex é uma ferramenta de pesquisa dedicada aos miúdos, como o nome indica. É o Google com tecnologia de pesquisa segura. Eu testei-a e parece-me muito boa! Só lhe falta a geo-referenciação; i.e. ter um KidRex Portugal.
Agora os pais podem dormir mais descansados. Os filhos também... ai se o meu pai sabe!



Experimentem pesquisar a palavra "kidrex".

Insónia

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Acordei enxovalhado, marcado
por lençóis feitos de tempo,
como se tivesse amado
sem limites, momento a momento,
e no rescaldo houvesse ficado
o palco,
sem texto nem elenco.

Parti para novo sonho, fantasia
por amores que já tive e terei,
e na memória doce azia
me perdi, e se na ilusão amei
já esqueci, não haverá dia,
noite, ou outra sorte; eu sei
que sinto o mar,
desci o rio, eu sabia!



Não sou poeta, nem a tal almejo, recordo apenas um texto antigo que ainda hoje me faz sorrir.

Star Trek

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Gosto muito de uma boa tertúlia, de estar entre amigos que me façam rir, dispor-me a não indispor! E porque não, um bom contraditório com o bom-senso de não se estender para além do intolerável. Mas nada melhor do que ver mentes brilhantes em confronto, a medir forças intangíveis que só um olhar atento e a capacidade de compreender para além do óbvio permite captar. Deixo-vos um confronto. Não tem legendas, lamento, mas fez-me rir muito, confesso. No meu imaginário o Captain Kirk do Star Trek jamais me faria rir, talvez sorrir. O homem por detrás do actor, William Shatner, é muito melhor!



Esta é a segunda parte da entrevista, a melhor!

Purple rain

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Não seriam mais do que as duas horas da manhã. Nada convidava a levantar-me, nem o conforto nem a hora tardia. Mas há razões que desconheço e que não questiono, deixo-me levar... Vesti-me com a lentidão da irracionalidade que se aproximava. Sapatilhas, calças de ganga, uma T-shirt debaixo de um pullover em lã grossa onde a gola alta de conforto italiano jogava com o desenho alpino que a sustentava. Saio de casa e paro no patamar do meu andar. O silêncio é de ouro neste prédio, nem um ruído, nada. Terão morrido todos numa pandemia qualquer? Que interessa isso quando o que me espera não é melhor... saio do prédio e sinto de imediato o frio na cara. Calço as luvas, coloco o gorro e penso; "esquerda, frente ou direita?". Solto um sorriso, "tropa, era o que me faltava!". Escolhido o destino deu-se a caminhada, em esforço inicialmente, mas rapidamente com a alegria de me aperceber que parte de Lisboa era minha... nada, nessuno, vivalma! Perfeito, ninguém iria interromper esta aventura; a contemplação faz-se de muitas formas, difícil é encontrar razões para a fazer num tempo em que vaguear por vaguear pode ser considerado loucura de indigente. Que se lixe, adoro ser diferente, ignorante... aprendiz! A música que me acompanhou no iPod foi esta, era a que estava mais à mão... depois vieram as esquinas, os candeeiros, as montras, as sombras, as ruas perdidas nos murmúrios de folhas acariciadas pela brisa em árvores que sobrevivem à cidade; há momentos felizes! Caminho, sinto tudo em mim... eu mereço isto!!



Adoro vaguear à noite, hábito que ganhei em Londres... mas hoje sem tabaco nem cão! Não há melhor maneira de se conhecer uma cidade!

Contra tempo

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Quero viver 5.000 anos, não ser menor do que a civilização. Cem anos? Uma anedota, um crepúsculo de tempo no relógio deste mundo. Vivemos pouco, nada que me preencha ou surpreenda. Precisava de cruzar amigos em tempos diferentes, manter por mais tempo os que tenho, ganhar novos já nascidos ou por nascer até que a minha memória seja uma história que mereça ser contada.
Temos hoje a net, podemos cruzar a sociedade e encontrar novas empatias, acelerar o processo para identificar compatibilidades. Embora satisfatória não resolve o problema do tempo.
Quero viver mais do que as religiões, conhecer novas disputas e fronteiras, acompanhar um avanço tecnológico que nem daqui a 3.000 anos será possível conceber, ver a espécie a evoluir... e quando o aspecto me trair mudo de invólcro, qual crisálida que pressente a vontade de voar. Fixarei a minha idade nos 35, só os meus olhos me poderão trair, dizem, pois há quem neles leia a alma. Que se lixe... estarei a sorrir, sempre, e haverá um tempo em que nem será preciso falar ou viajar, bastará um click e tudo acontecerá como por magia. Ia lá eu perder esse futuro, dispensar amigos que durem séculos, fazer parte da história vivendo-a; talvez, talvez no final eu me conheça melhor, o carácter amadurece com o tempo.
Sei onde nasci, mas gostava de morrer noutra galáxia, num azul diferente, como um expatriado que se fascina com o pôr-do-sol do seu novo país. Quero andar descalço em praias virgens, sentir um mar que não me afogue, conhecer animais que falem e compreendam, acompanhar vegetações que não estejam reféns das suas raízes. Quero correr sem me cansar, não precisar de comer ou beber, envelhecer sem adoecer, não parar de aprender. Quero o que ainda não sei que quero, nem para que dele preciso, nem como o utilizarei. Fascina-me esta ignorância futura, imprevisível, mas que ninguém negaria.
Esta vida não me chega! Preciso do futuro, pois o passado e o presente já eu conheço e não me surpreende. Serei exigente, egoísta, inconsciente... não, revolta-me a ideia de viver menos do que um cágado, de pertencer a uma espécie que desenvolveu o cérebro num corpo que se degrada sem razão, de não poder misturar inspiração com sabedoria por pertencerem a gerações distintas. Quero que a minha vida se prolongue tanto que a palavra diferença não se aplique ao homem.
E como será a paixão? Provavelmente ainda não nasceu, mas será improvável que em 5 milénios eu não venha a conhecer alguém que justifique o livro da minha vida. Quero viver 5.000 anos...



Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência!



Como será o ritmo, frenético?

Lilly Allen (ou Marlene?)

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Os meus leitores merecem o melhor... o melhor que vos posso dar, coitado de mim, que dou o que posso para vergonha minha ou, como diz o povo, a ignorância foi sempre atrevida! :D

Deixo-vos a Lily Allen numa entrevista em que se percebe que para além da loucura que tem sido a sua juventude, esta filha de quem não precisa de referências tem sobrevivido ao álcool e a outros excessos. Gosto de tudo; da pessoa, do riso, da juventude. Porque será que as estrelas só brilham de noite?
A música, essa, é para ouvir bem alto! Estamos em época de danças, ou será que só a natureza deu por isso?



Eu só lhe tirava a franjinha!

I want to be rich and I want lots of money
I don't care about clever I don’t care about funny
I want loads of clothes and f@#kloads of diamonds
I heard people die while they are trying to find them

I'll take my clothes off and it will be shameless
'Cuz everyone knows that's how you get famous
I'll look at the sun and I'll look in the mirror
I'm on the right track yeah I'm on to a winner

Chorus
I don't know what’s right and what's real anymore
I don't know how I'm meant to feel anymore
When we think it will all become clear
'Cuz I'm being taken over by The Fear


Life's about film stars and less about mothers
It's all about fast cars and passing each other
But it doesn't matter cause I’m packing plastic
and that's what makes my life so f@#king fantastic

And I am a weapon of massive consumption
and its not my fault it's how I'm program to function
I'll look at the sun and I'll look in the mirror
I'm on the right track yeah I'm on to a winner

Chorus

Forget about guns and forget ammunition
Cause I'm killing them all on my own little mission
Now I'm not a saint but I'm not a sinner
Now everything is cool as long as I'm getting thinner

Chorus

Quem veste a pele de lobo...

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Era uma vez um lobo, um lobo gay, que vivia numa floresta escura e húmida como ele gostava. Um dia, apareceu-lhe uma bimba vestida com uma capa vermelha:
Lobo (L): filha, que levas tu aí?
Capuchinho (C): um cesto com frutas para a minha avó?
(L): querida, falava dessa coisa vermelha que te cobre...
(C): ah! A minha capa, eu sou o capuchinho vermelho!
(L): pareces o super-homem, voas?
(C): não percebi...
(L): minha querida, se não és o super-homem essa capa serve-te de pouco, antes usá-la como passadeira na gay parade!
(C): (agora com receio) queres a minha capa?
(L): amor, de ti não quero nada, mas posso mudar-te o visual...
(C): podes? Adorava ser uma barbie!
(L): mas isso era uma barbieridade! Agora vejo, a tua pele, horrorrrrr...
(C): não tenho borbulhas, evito o chocolate!
(L): minha querida, precisas de uma máscara, de umas lamas...
(C): chamas-me porca?
(L): não fales em porcas a um lobo... felizmente eu sou vegetariano!
(C): ah é?! E as unhas tratadas são para quê?
(L): querida, nem queiras saber... e com as plásticas que já fiz, os olhos, nariz e orelhas já não são o que eram!
(C): pois é, até pensei que fosses uma avestruz!
(L): obrigada amor, mas de ave só tenho a minha casa, com a nova decoração ficou uma gayola doirada!
(C): uau! Se visses a casa da minha avó, é simples mas tocante! Sabes, com a crise ela teve de arrendar alguns quartos a lenhadores...
(L): lenhadores?
(C): sim! Jovens musculados e mal cheirosos!
(L): amor, vou indo, tenho uma decoração a fazer! E é que é já agorinha; kiss, kiss!
O Capuchinho lá seguiu viagem para casa da sua avó. Quando lá chegou encontrou a avó em grande alvoroço.
(C): que se passa avó?
Avó: o lobo "comeu" os lenhadores e quer arrendar-me um quarto!



Eu cá fico-me pela capuchinho!


P.S. Este é um blogue plural. Que me perdoe a comunidade gay. Não pretendo ferir susceptibilidades, mas consigo rir-me dos outros e também de mim.

Amores e outras ilusões

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São Valentim... encho o peito de ar e vou para um restaurante da praia do meco! Ela adorou tudo; o vinho, as entradas - verdadeiras delicatésses, o marisco fresco que rematava a cataplana, os doces conventuais com que fechámos o bouquet gastronómico. Depois vieram digestivos em dose certa que a noite prometia. Segui-se a sugestão da praia, da brisa, da areia molhada, do frio... e acordei com uma gastroenterite; que se lixe o sonho, já a barriga!



Ausentei-me para outra divisão mais consentânea com a minha saúde!

Sofá-casa

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Tenho por casa um sofá. Imenso, maior ainda na cor, branco, branco sujo o que lhe dá o ar de noiva esquecida no altar da minha sala. Na frente um plasma, candeeiro muliticolor que me ilumina o lânguido adormecer. Perco-me nas noites em que aqui me abandono, não por preguiça, antes pela prisão que o conforto das suas almofadas me impõe. Estico-me com a roupa que trago, liberto-me dos apêndices mais incómodos, encosto a cabeça ao apoio de braços e sinto quase de imediato o peso do cansaço que carrego nos dias de trabalho. Fast food, fast work, fast sleep. Depois, depois vem o sono... lento, longo, inevitável e ao qual não ofereço a menor resistência. O programa encontrado em zapping ficará para sempre interrompido por esta minha urgência, descanso. Poupam-se os lençóis de uma cama grande demais para o sono que preciso. Dos sonhos não me recordo, nem privilégio de delírio ou ansiedade de pesadelo, nada. O sofá, branco, branco sujo não me concede cenários, nem nuvem de onde aviste outros sonhos. É o telefone que me acorda, mas é a muito custo que corto amarras para o banho que me ofereço todas as manhãs desde que me conheço. Só isso me acorda, só isso me liberta do inebriante sofá, casa por circustância, lar que me acolhe. Fujo dele, fujo... pois não é sono o que me oferece esta noiva lasciva, ela que me aceita todas as noites sem perguntas, dúvidas ou outro humor que me surpreenda. Egoísta, quer todo o meu tempo, o sono e o outro. Tenho por casa um sofá!


Karaokeeee!

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Hoje celebra-se o sol e lembrei-me, sei lá porquê, do Karaoke... palavra japonesa que, como outras, já entrou no nosso léxico. Mas falava eu no Karaoke, na possibilidade insana de a minha voz se fazer ouvir enquanto uma música me acompanha; sim, porque nisto do karaoke o herói é o temerário que tem o microfone. Só aceito este repto com música mais ridícula do que a minha voz, como esta, por exemplo:



E tu, cantas?

Ilusão

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Não escrevo para ninguém, nem para alguém, nem para alma perdida ou encontrada. Não escrevo sequer, rabisco! E se do traço conseguires ler algo eu nego o que dizes, desafio-te para o provares, e da sentença virá a minha indiferença pois nada disse, nada escrevi. Não tens papel para sentires que leves daqui para ali, que leias no descanso de um momento, nada, só a mera ilusão destas letras desgarradas. Nem frases são, muito menos palavras. Não tens nada, de mim nada! Quem sentiu foi enganado, quem encontrou estava perdido, quem sorriu veio cego. Nada, digo-te, nada! Nem para mim desenho o que penso em vocábulos, não os conheço; serei ignóbil, mero iletrado, ilusionista de contos perdidos e achados. Agora sabes que nada tens, nada te dei, nada ficou. E se releres o que disse sentirás a repulsa do logro em que caíste, porque nunca aqui estiveste, não eras tu ou outro sequer. Eras só o nada. E se a ti te nego é em mim que o projecto, porque se não me olhas, se não me lês, se não me tocas, então eu não existo!


Trinitá, Cowboy Insolente

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Todos nós temos heróis. O Pai, um escritor, um pensador, um político, um cientista, um conquistador ou outros. O meu primeiro herói fora de casa foi este, sem dúvida. Afinal, fui ver o filme com amigos na sessão da noite e levei a chave de casa pela primeira vez. Era menor, um facto, mas a violência não era o que é hoje e fui e vim a pé do cinema. Estava fascinado, o calor do Verão ajudava... acho que dormi pouco. No dia seguinte a minha bicicleta serviu-me de cavalo! Sorrio só de relembrar a música; há momentos simples e felizes, como quase todos os momentos felizes, aliás!


Spaghetti Western

Haverá melhor começo?

Sporting 4 - Porto 1

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Não restam dúvidas, o país está em crise! O Futebol Clube do Porto perdeu com o Sporting por 4-1. Nenhum dos clubes está habituado a esta situação; um por perder, o outro por ganhar, mas ambos acharam justo o resultado. O primeiro justificou o desempenho com a utilização da segunda equipa (como se a Taça da Liga não interessasse), o segundo rejubilou por ter ganho ao FCP. Estranho, muito estranho, foi ambos os treinadores parecerem estar à espera deste resultado; afinal, os jogadores mais experientes do Porto estavam a jogar no Sporting...


Tragédia grega

O Paulo Bento tem muito de grego...

Ontem

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Ontem dia de sol
deu-me vontade de Verão,
largar ventos neste lençol
de viagem à tentação;
Ah!
sonho mar,
quero rir, quero
não parar de dançar
e sentir da brisa que crio
melodia ou canção
que me consiga abraçar;
Ah!
sonho breve,
estação que se esgota
em tempo de neve,
não sejas agiota,
deixa-me acreditar
que viver é sonhar,
e se mo negares
faz de mim idiota,
prefiro ser eu a errar
do que tu acertares!



Ok, ok, o poema é mau... fiquem-se pela "música"! Ok, ok, a música...



P.S. Não se acanhem e comentem o post anterior! Eu não me acanhei e... escrevi-o!

Drag Queens

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Vivemos numa sociedade de tabus, onde a globalização os acentua em vez de os amenizar. Ao homem já não lhe basta ser hetero, agora tem de ser metrosexual, cuidar da aparência para salientar a perfeição do masculino. Mas macho que se preze, ao contrário das fêmeas, não pode opinar sobre a beleza dos seus pares sob o risco de passar a ser visto como afeminado. Mas esta é uma hipocrisia marialva, pois quando estamos em competição pelas fêmeas conseguimos perceber as vantagens e desvantagens que temos com a concorrência. Serve esta introdução para vos dizer que, embora sendo hetero, não posso de deixar de vos recomendar “The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert” que retrata bem a realidade desse mundo paralelo: dois gays e um transexual vão de Sydney a Alice Springs numa digressão como Drag Queens. Uma comédia divertida e que hoje se transformou num musical itinerante.
É impressionante a transformação de Hugo Weaving que partipa em Matrix e no Senhor dos Anéis. Terence Stamp que conhecemos do Superhomem e que a meu ver nunca foi reconhecido como merecia - um Anthony Hopkins adormecido, faz o soberbo papel de transexual. Guy Pearce que conhecemos de "Memento", em português "Amnésia" - um filme com um argumento genial, não defrauda as expectativas.



Burlesco, excêntrico e muito criativo! No final a ópera de Sydney!